João Azevedo Fotografia
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5 min de leituraDezembro 2024

A Ciência do SorrisoPorque é que o "Duchenne" vende mais que a "Pose de Cartão de Visita"

Já alguma vez olhou para a fotografia de alguém e sentiu, instintivamente, que algo não batia certo? A pessoa parece estar a sorrir, mas a sensação que transmite não é de simpatia. É de desconforto.

Exemplo de sorriso genuíno num retrato profissional

O nosso cérebro é uma máquina evoluída para detetar mentiras.

Em frações de segundo, conseguimos distinguir um sorriso genuíno de um sorriso "social" ou forçado.

No mundo profissional, essa distinção vale ouro. Um sorriso verdadeiro cria conexão e confiança imediata. Um sorriso falso cria distância e dúvida.

Mas o que distingue, afinal, estes dois sorrisos? A resposta tem um nome: Guillaume Duchenne.

O Sorriso de Duchenne

A autenticidade tem uma anatomia.

Em meados do século XIX, o neurologista francês Guillaume Duchenne mapeou os músculos faciais e descobriu a diferença crucial entre um sorriso de "cortesia" e um sorriso de alegria genuína.

Sorriso "Social"

Também chamado de "Pan Am smile". Envolve apenas os músculos à volta da boca (o zigomático maior).

É aquele sorriso que fazemos quando encontramos um conhecido na rua à pressa ou quando alguém diz "diga cheese".

Os lábios curvam-se, mas o resto do rosto permanece estático.

Sorriso de Duchenne

Ativa um segundo grupo de músculos: o orbicularis oculi, que envolve os olhos.

É este movimento que levanta as bochechas e cria aqueles pequenos "pés de galinha" no canto dos olhos.

O sorriso chega aos olhos.

"O sorriso não chegou aos olhos."

— Quando os olhos não sorriem, a mensagem que o cérebro recebe é de falsidade ou polidez forçada. E ninguém compra serviços a alguém em quem não confia instintivamente.

A Lição dos Outdoors Políticos

A melhor (ou pior) montra de sorrisos "amarelos".

A época de eleições está cheia de exemplos de sorrisos tecnicamente perfeitos, mas emocionalmente vazios. Vemos dentes brancos e alinhados, mas olhos parados, sem vida.

O resultado?

Sentimos que nos estão a tentar vender algo, e não a comunicar connosco.

Num retrato profissional, o objetivo não é parecer um candidato político em campanha. É parecer uma pessoa real, competente e acessível.

Um sorriso forçado numa fotografia de perfil pode, inconscientemente, sinalizar ao recrutador ou ao cliente que aquela pessoa está desconfortável na sua própria pele — ou a tentar esconder algo.

O Papel do Fotógrafo não é dizer "Sorria"

A maioria das pessoas não consegue ativar o músculo orbicularis oculi voluntariamente. Não basta querer sorrir com os olhos; é preciso sentir algo que provoque essa reação.

É por isso que uma sessão fotográfica de retrato não pode ser um processo mecânico de:

"Queixo para cima, olhe para ali e sorria."

Se o fotógrafo não criar um ambiente de conversa, de descontração e até de parvoíce, o sorriso Duchenne não aparece.

O "instante decisivo"

O sorriso genuíno muitas vezes surge no milésimo de segundo logo a seguir a uma gargalhada, quando o rosto relaxa mas a alegria ainda está lá. É esse o momento que procuramos.

O Primeiro Aperto de Mão

A sua fotografia de perfil é, muitas vezes, o seu primeiro aperto de mão. Se esse aperto de mão for frouxo ou falso, a relação começa mal.

Invista num retrato que mostre não apenas os seus dentes, mas a sua personalidade.

Porque a autenticidade é o único "filtro" que nunca passa de moda.

Quer descobrir qual é a sua melhor expressão?

Numa sessão de retrato, o objetivo é encontrar o sorriso que é genuinamente seu.